Árido e muito mais distante que os Açores e a Madeira, também achados desertos, o arquipélago de Cabo Verde não era atrativo para a colonização: a Península Ibérica ficava demasiado longe deste território tão diferente do que até aí se conhecia. Para povoar a ilha de Santiago, a maior das 10 ilhas de Cabo Verde e a primeira a ser ocupada, o rei de Portugal teve de ceder a uma estratégia sem precedentes: oferecer a quem se atrevesse a avançar para o povoamento o direito a comerciar, com proveito próprio, com os africanos da Costa da Guiné. É assim que nasce o primeiro assentamento de europeus a sul do Trópico de Câncer e é assim que nasce a plataforma de africanos escravizados na ilha de Santiago. É da emergência dessa sociedade e dos seus desenvolvimentos que nos vai falar António Correia e Silva, o historiador que fundou a Universidade de Cabo Verde.